Já não era sem tempo, como costuma dizer-se. Os problemas (gravíssimos) que têm ocorrido na Central Nuclear de Almaraz, que há muito devia ter fechado, a que se veio juntar a anunciada construção de um armazém para depósito de resíduos nucleares por parte do governo espanhol, sem consulta ao país vizinho e às instituições europeias, é um dos pontos, o último, por sinal, da Ordem de Trabalhos da 1ª reunião de Fevereiro da Câmara de Nisa.
Em ano de eleições autárquicas, faz bem a maioria (relativa) socialista, pronunciar-se sobre esta questão, mesmo que o ponto da agenda tenha sido proposto pela CDU.
Em Lisboa, num município onde o número de eleitos municipais na Assembleia é, substancialmente, maior e diverso, foi possível obter o consenso generalizado de todos os deputados municipais na condenação das intenções espanholas, tanto sobre a construção do aterro nuclear, como sobre o funcionamento da central, situada a 100 quilómetros da fronteira portuguesa. Nisa está muito mais perto de Almaraz do que Lisboa. Temos, aqui, outros problemas, não menos graves e relacionados com as minas de urânio, os escombros a céu aberto e os níveis de radiação, sobre quais não se conhece uma única ideia, palavra ou discurso, dos eleitos socialistas.
Seria bom, mesmo sendo o décimo quarto ponto da Ordem de Trabalhos, que a ocasião pudesse ser aproveitada para todos os eleitos dizerem, de forma clara e inequívoca, o que pensam sobre estes assuntos. Como diz o povo: vale mais prevenir do que remediar! E, nesta matéria, ninguém tem feito algo para tranquilizar as populações que os elegeram.
A gestão equilibrada de uma bacia
hidrográfica seja ela de um rio, como o Tejo, ou até de uma linha de água como
a Ribeira de Nisa, é de extrema importância para as populações residentes. Gera
riqueza, prosperidade, fixa pessoas. Foi assim que surgiram lugares e regiões. Assim
aconteceu com o projecto sustentável da construção das mini hídricas da Ribeira
de Nisa, cujo mentor foi José Custódio Nunes.
Em 1925 surge a empresa
Hidroeléctrica do Alto Alentejo, a Barragem da Póvoa e Meadas inaugura-se em
1928, em 1932 a Barragem do Poio, Central da Bruceira em 1934, Central da
Velada em 1953 e por fim a Central da Foz em 1939, já quase no rio Tejo.
Em 2009, a Barragem da Póvoa e
Meadas retorna ao estado, depois de 75 anos de concessão, sem quaisquer obras
de reabilitação e requalificação da estrutura e
do espaço envolvente, conforme o contrato estabelecia.
Por esta altura começa também a
exploração do sistema multimunicipal das Águas do Norte Alentejano (AdNA), para
consumo humano, fonte principal de abastecimento de oito concelhos do distrito
de Portalegre. Por esta altura, não enche, devido ás fissuras e a outros
problemas técnicos. Há uns anos, sem que aparentemente tenha sido objecto de
algum tipo de intervenção voltou a atingir a cota máxima.
Desde de 2013, que o Festival Andanças, usufrui do espaço, do que
outrora foram instalações diversas, do antigo jardim das hortenses, da casa
comunitária com barbecue, e que tinha electricidade gratuita, das mesas para
piquenique. Era a Barragem da Povoa e Meadas,
a “nossa praia”.
Perde Nisa, perde o rio Tejo já
tão mal tratado. A ribeira chega mesmo a secar durante a primavera/verão junto
a foz impedindo a reprodução de peixe como bogas , bastava uma torneira a
correr! Já foram á Bruceira e ao Poio durante o Verão, parece um prolongamento
da ETAR de Nisa!
Mas eis nova ameaça, ZIF (Zona de
Intervenção Florestal) Ribeira de Nisa, em consulta pública até ao dia 29 de
Janeiro, norte do concelho de Nisa, cerca 12.500 ha, abrange as
freguesias de: União de Freguesias de Espirito Santo, Srª da Graça e S. Simão,
Freguesia de S. Matias e Freguesia de Santana, lugar onde foram realizadas as
assembleias da constituição da ZIF. Até aqui tudo bem, bom palavreado nos
objectivos, sustentabilidade, ordenamento, redução dos incêndios, controle das
espécies invasoras, protecção das espécies autóctones, etc. Há nomes duplicados
na lista de aderentes. Quando lemos, percebemos nitidamente, nas assinaturas do
núcleo fundador, lá estão as chancelas The Navigator Company, Navigator
Forest Portugal SA.
Palavras para quê? Está tudo
dito! Despovoamento, Tejo sem peixe, queijo de Nisa vem de Monforte, a Central
de Almaraz na iminência de rebentar, vamos mas é tod@s para Lisboa?
Já pedimos aconselhamento junto
de alguns deputados da Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território,
Descentralização, Poder Local e Habitação. Encetamos contactos com associações
de ambiente, técnicos destas temáticas para que nos ajudem a preparar um plano
de acção.
Mas é muito difícil, é preciso o
envolvimento das populações, não podemos continuar assistir de bancada ou a
criticar que são todos iguais, isto é o que as multinacionais querem, resgatar
os nossos recursos, sugarmos até ao tutano.
34 Países passou a contituir um novo record de participação
a um mês da competição do maior evento da Orientação Mundial no período do Carnaval.
Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Bulgária,
Canadá, Colômbia, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia,
Finlândia, França, Grã-Bretanha, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, Letónia,
Lituânia, Noruega, Polónia, Portugal, Republica Checa, Rússia, Suíça, Suécia,
Taiwan, Turquia, Ucrânia e USA
Simone Niggli é a mais recente estrela da Orientação Mundial
a entrar para o Portugal O Meeting '2017. Tendo alcançado 23 títulos mundiais,
10 títulos europeus e 9 Taças do Mundo, é unanimemente considerada a melhor
orientista de todos os tempos e uma verdadeira embaixadora da Desporto da
floresta. Escolher Portugal no Inverno, Simone Niggli está de volta ao POM para
recordar "os bons velhos tempos" e, estamos certos, espalhar a sua
classe pelos terrenos de Alter do Chão, Crato e Portalegre. Recorde-se que
Simone Niggli venceu a competição por seis vezes, primeiramente em 2002 e, mais
recentemente, por cinco vezes consecutivas, nas edições de 2010 a 2014. Neste momento,
o número de inscrições está nos 1116 de 34 Países. Além de Simone Niggli, a
sueca Helena Jansson é uma forte presença na Elite Feminina. No lado masculino,
Gustav Bergman e Albin Ridefelt (Suécia), Lucas Basset e Thierry Gueorgiou
(França), Baptiste Rollier (Suíça) e Milos Nykodym (República Checa) são os
maiores nomes até agora.
Realiza-se pelas 11H00 do dia 25 de janeiro do corrente, a
cerimónia militar de tomada de posse do novo Comandante do Comando Territorial
de Portalegre da GNR, Coronel de Cavalaria Joaquim António Papafina Vivas.
O evento terá lugar no Quartel de Stº Agostinho em
Portalegre e será presidido pelo Exmº Tenente-general Luís Francisco Botelho
Miguel, Comandante-geral em suplência, da GNR.
Convidam-se os meios de comunicação social interessados a
assistir à cerimónia, para o qual deverão fazer a credenciação dos seus
representantes, através da apresentação de carteira profissional, junto do
acesso do aquartelamento entre as 10H30 e as 10H45, do próprio dia.
É uma publicação de 1890, o número 90 do Archivo Historico de Portugal - Narrativa da fundação e das cidades e villas do Reino, seus brazões d´armas, etc., na qual Nisa consta, a partir da página 195.
A descrição de Nisa ou a narrativa da sua fundação, nada acrescenta ao que se conhece e publicado quer na Memória Histórica do Dr. Motta e Moura, - de onde, parece ter sido extraída a prosa - quer na Monografia da Notável Vila de Nisa, do Prof. José Francisco Figueiredo.
Curiosa é a apresentação do Brasão de Armas, ainda sem os elementos decorativos, estilizados, da Monarquia, mas mantendo a coerência dos elementos históricos que caracterizaram, até 1986 - data da sua alteração, por imposição legal - o brasão municipal de Nisa.
Sobre esta questão, contamos apresentar noutra mensagem um trabalho mais desenvolvido e que ajude a perceber a "evolução" do símbolo maior da vila e concelho de Nisa.
Comemorações
por todo o país assinalam 30 anos da morte de Zeca Afonso
Concertos,
exposições e outras criações sob o lema 'Insisto não ser tristeza' assinalam,
um pouco por todo o país, as comemorações dos 30 anos da Associação José Afonso
e do cantautor que lhe deu nome..
"Insisto
não ser tristeza" - um verso de José Afonso - é o mote das comemorações,
disse Francisco Fanhais, presidente da associação, acrescentando que estas
visam igualmente "não fazer perder a memória do Zeca no coração das
pessoas".
"A
ideia é celebrar os 30 anos da associação e evocarmos o legado que o Zeca nos
deixou, que não está morto, mas que devemos perpetuar para as gerações que nos
seguirem, porque se não o fizermos não cumpriremos a nossa função",
sublinhou Francisco Fanhais.
Lisboa,
Setúbal, Braga, Faro, Santiago do Cacém, Santo André, Aveiro, Seixal, Almada,
Évora, Santarém, Agualva-Cacém, Abrantes e Bruxelas são os locais onde irão
decorrer as iniciativas, entre as quais está previsto um concerto com o cantor
Patxi Andión, em junho, em Évora.
Um
concerto intitulado '30 anos', com Francisco Fanhais e Pedro Fragoso, a 04 de
fevereiro, na Casa da Cultura de Setúbal, é o primeiro de vários que reunirá,
entre outros, Fanhais, um dos companheiros de sempre de Zeca, e Rui Pato, que
aos 16 anos começou a acompanhar Zeca Afonso em Coimbra.
A 19 de
Fevereiro, no Teatro das Figuras, em Faro, subirão ao palco Francisco Fanhais,
Rui Pato, B Fachada, Manuel Freire e Afonso Dias, entre outros.
Quatro
dias depois - quando se perfizerem 30 anos da morte de Zeca Afonso - haverá um
tributo ao cantautor no Conservatório Gulbenkian, em Braga, que reunirá o Grupo
Canto d´Aqui, Artur Caldeira, Ana Ribeiro e a cantora galega Uxia.
'Este
rio, este rumo, esta gaivota', 'Semeio palavras na música', 'Somos nós os teus
cantores', 'Tenho barco, tenho remos' e 'Insisto não ser tristeza' são os títulos
dos 19 concertos que integram a programação da iniciativa.
Questionado
pela Lusa sobre se a programação não contará com um grande concerto em LIsboa,
Francisco Fanhais disse que a AJA gostaria de o fazer, mas que tudo dependerá
dos custos.
O
Coliseu dos Recreios, em Lisboa - onde José Afonso atuou pela última vez em 29
de janeiro de 1983 e onde a 29 de março de 1974 foi cantada a "Grândola,
Vila Morena" - ou a Aula Magna são salas de que o presidente da AJA
gostaria para aquela iniciativa.
'Desta
canção que apeteço', o título de uma exposição sobre a obra discográfica de
José Afonso, 'Geografias de uma vida', título de outra exposição, e '30 anos da
AJA' são títulos de exposições que vão estar patentes em Évora, Mira-Sintra,
Santarém, na Fundação Oriente, em Lisboa, Abrantes, Almada, Santo André,
Santiago do Cacé, no Thêatre Molière (Bruxelas), Leiria, Évora, Setúbal e Faro.
Para
Francisco Fanhais, "o mais importante das iniciativas é mostrar que Zeca
foi um artista da música, da poesia, da voz e que pôs a sua arte ao serviço da
cidadania de uma maneira desprendida e desinteressada de forma a contribuir
para uma sociedade sem muros nem ameias e sem exploradores nem
explorados".
"E
é esse o espírito que nos anima", frisou, sublinhando que a AJA dá
"particular importância ao trabalho que faz junto das escolas para
transmitir aos mais jovens o legado do Zeca".
José
Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu a 02 de agosto de 1929 em Aveiro e
morreu a 23 de fevereiro de 1987, no Hospital de S. Bernardo, em Setúbal,
vítima de esclerose lateral amiotrófica.
A Associação José Afonso foi criada a 18 de novembro
de 1987 por uma série de amigos de José Afonso, atualmente tem o estatuto de
entidade de Utilidade Pública e conta com núcleos no Porto, em Aveiro, Coimbra,
Santarém, Lisboa, Almada, Seixal.
A Associação de Estudos do Alto Tejo associa-se aos esforços
do Governo português, organizações ambientais e outras entidades para impedir a
construção, por parte das autoridades espanholas, de um aterro de resíduos
nucleares da central de Almaraz, Espanha. E reitera o empenho em forçar o
governo espanhol a cumprir o calendário que o próprio divulgou em devido tempo
de desmantelamento da central nuclear de Almaraz em 2020.
A Associação de Estudos do Alto Tejo sublinha os riscos de
devastação na saúde humana e no ambiente associados à laboração de uma central
nuclear. No caso de Almaraz, potenciados pela sua laboração junto ao rio Tejo.
Razão mais do que suficiente para obrigar a uma posição enérgica de Portugal,
pela proximidade geográfica com Almaraz (cerca de 100 quilómetros) e
partilha da gestão do Tejo.
A Associação de Estudos do Alto Tejo exige à Comunidade
Europeia que seja diligente e rigorosa com Espanha na aplicação das regras
comunitárias, em especial as ambientais, e no acompanhamento deste processo.
Por último, a Associação de Estudos do Alto Tejo junta não
só a voz como a disponibilidade para planear, organizar e concretizar todas as
ações de sensibilização e protesto, de todas as entidades que partilham as
mesmas reivindicações, e que visem travar o processo de construção do aterro
nuclear de Almaraz e conduzam ao desmantelamento da respetiva central nuclear
até ao ano de 2020.
O Partido Ecologista Os Verdes regozija-se com a vitória
obtida pela CDU nas eleições intercalares para a Assembleia de Freguesia de
Galveias (Concelho de Ponte Sor – Distrito de Portalegre).
Galveias confiou na lista da CDU, encabeçada por Fernanda
Bacalhau, a quem deu a maioria absoluta, com 273 votos (cinco eleitos) dos 547
votos expressos.
Os Verdes estão convictos e confiantes que Galveias pode
agora contar com uma equipa competente e dedicada, empenhada na defesa dos
interesses da freguesia e das suas populações.
Estão Abertas as inscrições para a "XVIII Rota do
Contrabando/ Ruta del Contrabando", este ano entre as localidades de Cedillo (Espanha) e Montalvão (Portugal).
A Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Portalegre –
ADBSP – já deu início às colheitas de sangue agendadas para o presente ano. A
estreia de 2017 foi em Nisa e, no quartel dos Bombeiros, marcaram presença 21
voluntários, dos quais 12 mulheres (57,1%).
Uma vez consultados os potenciais dadores, só um não seguiu
para a sala das colheitas. Este é tempo de resfriados e, como tal, várias foram
as pessoas de Nisa que tiveram a amabilidade de comunicar pessoalmente que não
se iriam inscrever, pois não estavam bem.
Uma jovem doou sangue pela primeira vez. E o Registo
Nacional de Dadores Voluntários de Medula Óssea contabilizou uma entrada.
O almoço convívio decorreu num restaurante local, com o
apoio da Câmara Municipal de Nisa.
Castelo de Vide
A ADBSP tem brigadas agendadas proximamente em: Castelo de
Vide, nos Bombeiros, a 21 de janeiro; Montargil, no Centro de Saúde e em
parceria com os Motards Montargil, a 11 de fevereiro.
Esperamos por si, num destes sábados, da parte da manhã!
(Onde se fala de
águias, ursos, lebres, tartarugas, mochos e mochas)
Numa destas tardes soalheiras o compadre Manel, professor
primário aposentado, acompanhou-me no passeio ao talefe.
A conversa solta, leve e descontraída, invariavelmente
recordava peripécias de uma sala de aula despida de apoios materiais, mas onde
a inteligência desse meu velho amigo ressaltava, em prol de uma pedagogia que a
todos beneficiasse dos seus conhecimentos.
Contava-me, entre risos, uma célebre ida ao Jardim Zoológico
durante a qual se regalou com os olhos extasiados dos pequenitos, face a tantos
e variados animais.
E de repente como quem não quer a coisa, perguntou-me:
- Oh compadre, já imaginou o que seria se um dia fosse
necessário um animal dar aulas aos animais?
- Uma escola de animais? – perguntei desconfiado.
- Sim, uma escola onde se ensinassem os animais para a sua
vida quotidiana. Imagine uma escola onde o professor fosse um mocho e tivesse
como alunos...sei lá, por exemplo: uma águia, um urso, uma lebre e uma tartaruga.
Imagine que se pretendia ensinar a todos eles, as
disciplinas de corrida, natação, voo e força.
Nesta altura imaginei o mocho de óculos sentado num ramo de
árvore esforçando-se por engendrar estratégias para ensinar a águia a nadar, o
urso a voar, a tartaruga a correr e a lebre a levantar pesos.
- Já imaginou compadre? Que notas teria a águia na corrida?
E o urso a voar? A tartaruga a fazer força e a lebre a nadar?
O mocho professor certamente daria uma boa nota e três más
notas a cada um, e se o regulamento dessa escola estabelecesse que seriam
reprovados com três negativas, todos eles reprovariam.
A lebre viveria triste por lhe terem dito que não sabia
voar; a águia frustrada por não saber nadar; o urso infeliz por ser lento na
corrida e a tartaruga choraria por não ter força nos seus membros.
O mocho professor seria infeliz por não ter conseguido os
seus objectivos.
- Livra, compadre! Ainda bem que os animais não têm escola –
desabafei.
- Mas... têm-na os nossos meninos! –, respondeu ele,
baixinho, quase que a medo, como se me tivesse dito algo de subversivo.
Sentei-me num tronco junto ao talefe, a pensar nas escolas
deste país, onde muitas vocações são cortadas por exigências de médias de 19 ou
20 valores em todas as disciplinas.
Onde os melhores? Que melhores? São seleccionados por
critérios que exigem a meninos e meninas diferentes, que sejam igualmente
excelentes numa dúzia de disciplinas.
Onde os adultos, fazendo o papel de mochos e mochas,
sujeitos a normas, critérios, programas, objectivos, tentam entrar nos meandros
da memória dos jovens, dezenas de milhar de palavras novas, milhares de
conceitos e de estruturas.
Quantas angústias e tristezas ultrapassadas, se, na vida dos
humanos, utilizássemos os conhecimentos da mãe Natureza.
Ah! É verdade, Einstein reprovou nos exames de admissão à
universidade. Saramago não frequentou a faculdade de Letras e segundo creio, o
celebrado pintor naif nisense Augusto Pinheiro não frequentou a escola de
Artes.
Já houve um tempo no mundo, sem escolas. Mas, no mundo de
hoje é impensável a sobrevivência sem passar pela escola. Importa é que se diga
que há que repensar a escola. Nomeadamente o acesso à formação de acordo com os
interesses manifestados e não por avaliações feitas por mochos obedientes, que
pretendem igualar águias com lebres ou ursos com tartarugas.
- Está a arrefecer o tempo!, ouvi o compadre Manel, velho
mocho sábio, dizer-me.
Com a ajuda da bengala, levantei-me, apoiei-me no braço do
compadre e viemos conversando sobre a pescaria aos bordalos que se avizinha.
Funeral das vítimas mortais do acidente de Nisa adiado por
tempo indeterminado.
Na madrugada de quarta-feira, 28 de dezembro de 2016, na
sequência de um #Acidente de viação na Estrada Nacional 18, entre Nisa e
Alpalhão, distrito de Portalegre, dois homens morreram carbonizados. Marco
Pinheiro, natural de Nisa, tinha 43 anos e Nuno Caldeira, também de Nisa, tinha
39 anos.
Segundo o que conseguimos apurar, no dia do acidente o
veículo colidiu com uma árvore de grande porte e incendiou-se de seguida. Na
estrada não havia sinais de derrapagem ou de travagem. Os óbitos foram
declarados no local. As causas deste acidente continuam a ser investigadas pela
Unidade de Trânsito da GNR de Portalegre.
Dezasseis dias após o acidente, a população nisense
continuam em choque. Os
funerais deveriam ter sido realizados ao final da tarde de quinta-feira, 29 de
dezembro. No entanto, foram adiados por tempo indeterminado.
Uma vez que as autópsias foram inconclusivas devido ao
estado em que sem encontravam os corpos, foi necessário fazer testes de ADN
para que as vítimas mortais possam ser identificadas. Uma fonte referiu-nos que
nestes casos só se podem entregar os corpos quando o Instituto de Medicinal
Legal tiver dados rigorosos e científicos sobre a identidade das vítimas. A
mesma fonte referiu que os resultados dos testes de ADN para identificar as
vítimas poderão ser demorados.
As famílias e amigos das vítimas estão revoltados com a
demora dos resultados dos testes de ADN. Dezasseis dias após o acidente os
corpos ainda não foram entregues. Nas redes sociais é possível ver vários
comentários de revolta: “Muito triste com o que está a acontecer, não basta a
terrível dor da perda... infelizmente para quem sofre são processos demasiado
morosos injustificáveis para quem espera poder despedir-se”; “Mas este país tem
de pensar no sofrimento de duas mães e irmãos, isto não se faz”.
Os amigos de Nuno Caldeira de Marco Pinheiro estão a fazer
os possíveis e os impossíveis para que esta situação se resolva com rapidez.
A Blasting News teve conhecimento através de uma fonte que
os corpos poderão ser entregues no final da próxima semana.
É uma história (engraçada) e pouco conhecida, esta que partilho, hoje, convosco.
Mário Soares, eleito Presidente da República, em 1986, com o
apoio da Esquerda (e muitos sapos “engolidos”) inaugurou o ciclo do que viria a
chamar-se “Presidência Aberta”.
Estávamos em finais de 1988, não posso precisar o mês, e
numa das reuniões da Assembleia Distrital, órgão supra e inter-municipal e que
integrava representantes dos executivos e assembleias municipais do distrito,
teve lugar um curioso episódio.
A Assembleia reunia no salão nobre do Governo Civil e
minutos antes de a mesma se iniciar, os eleitos da APU – Aliança Povo Unido –
que detinha a presidência de três municípios (Nisa, Ponte de Sor e Avis)
combinaram, entre si, apresentar uma proposta no sentido de convidar o Dr.
Mário Soares, a realizar uma “Presidência Aberta” no distrito. Era uma proposta
simples, clara e objectiva, redigida em três tempos e que foi apresentada no
Período de Antes da Ordem do Dia.
O que parecia um documento, para ser aprovado em poucos
minutos, gerou uma profunda discussão entre os eleitos da APU e do PS, a força
maioritária na Assembleia e nos órgãos de poder local no distrito.
A argumentação dos socialistas era variada, desconcertante e
com laivos humorísticos. “Que a proposta era inoportuna”, diziam uns. “Que não
tinha sido objecto de discussão nos municípios”, contrapunham outros. E, assim
se prolongou no tempo, um tema quase inócuo. Percebeu-se, a dada altura, o
motivo de tanta celeuma e o desconforto dos socialistas. Queriam ter sido eles,
a apresentar a proposta e nunca esperariam que a mesma fosse formulada pela
APU. Os eleitos do PSD, justo é referi-lo, mantiveram-se impávidos e serenos,
afastados da querela, à espera que a proposta passasse da fase de discussão
para a votação. E, alguém de entre nós (eleitos da APU) com mais experiência da
política, resolveu de uma penada a discussão.
José Bruno (Vereador PS), Miranda Calha (Deputado PS), Mário
Mendes (Presidente da Assembleia Municipal – APU), Mário Soares (Presidente da
República) e José Manuel Basso( Presidente da Câmara Municipal – APU). A menina
da foto é a Margarida Oliveira.
“Meus amigos, já vimos que o vosso problema não é a proposta
em si, mas quem a apresenta. Pois bem, nós abdicamos de ser os únicos
proponentes e aceitamos que a Proposta para convidar o Senhor Presidente da
República a efectuar uma Presidência Aberta no Distrito de Portalegre, seja
apresentada por todos os eleitos nesta Assembleia.
Foi votada e aprovada por unanimidade. Passado algum tempo,
lá fomos a Belém, formular, em pessoa, o convite ao Presidente da República. Em
Março de 1989, Mário Soares visitou o distrito de Portalegre e esteve no
concelho de Nisa, no dia 17, um mês depois da visita de Cavaco Silva, então 1º
Ministro, para inauguração do Quartel dos Bombeiros.
Resta referir que a Câmara e Assembleia Municipal eram de
maioria APU, no caso do executivo, a primeira de maioria absoluta, resultante
de um processo eleitoral (1985) inédito no concelho e cuja história,
oportunamente, aqui publicaremos.
40 anos após as primeiras eleições (1976) para o Poder Local
Democrático há um acervo de histórias desconhecidas, algumas “saborosas”, que
os visitantes do Portal irão conhecer.
Mário Soares, ex-Presidente da
República, falecido no passado sábado, foi pai de João e Isabel Soares. Não é
“pai” de mais ninguém ou coisa nenhuma. É fundador da Aliança Socialista Portuguesa,
mais tarde Partido Socialista Português, o último P a ser retirado da
designação, para não se confundir com PSP – Polícia de Segurança Pública.
Não nutro alguma predilecção
especial por Mário Soares, reconhecendo nele, embora, qualidades e defeitos, mais
aquelas do que estes, que o tornaram num político e estadista de referência, a
nível nacional e internacional. Não alinho, por isso, com o coro que por aí
anda a querer endeusá-lo e colocá-lo no pedestal de “pai da Democracia”.
Por duas razões. A primeira, é
que a Democracia não tem “pais”. Foi construída por todos aqueles, filiados ou
não em partidos (clandestinos, durante a Ditadura) que lutaram e muitos
morreram, para que surgisse a radiosa manhã de 25 de Abril. Se tivéssemos que
“nomear pais” para o regime instaurado com a “Revolução dos Cravos”,
destacaríamos, em primeiro lugar, os “capitães de Abril” e o Movimento das
Forças Armadas. Mas a história, portuguesa, da luta contra a Ditadura
salazarista-caetanista, começou muito antes, logo após, aliás, o movimento de
28 de Maio de 1926, intensificando-se nos anos 30, com a promulgação da
famigerada Constituição de 1933.
Quantos trabalhadores, sindicalistas,
marinheiros, soldados, intelectuais não foram presos, deportados, assassinados,
privados das liberdades fundamentais, afastados, compulsivamente das suas
actividades profissionais, apenas por não seguirem a “doutrina da ditadura”?
Humberto Delgado, Norton de
Matos, Rui Luís Gomes, Mário Sacramento, Dias Coelho, Sá Carneiro, Miller
Guerra, Sarmento Pimentel, Álvaro Cunhal, Bento Gonçalves, Salgado Zenha,
Otelo, Sottomaior Cardia e tantos, tantos outros, o que foram? “Avós”, "afilhados", "tios e sobrinhos" da Democracia?
O Alentejo pode orgulhar-se de
ter um seu filho, como uma figura ímpar da Democracia e da Liberdade. Arriscou
a sua vida, a carreira militar, a vida familiar. Tudo. Em prol de um bem maior:
a Liberdade e a Democracia para os seus concidadãos e compatriotas.
Chamava-se Salgueiro Maia e tal
como Catarina Eufémia, o Alentejo o viu nascer. Morreu ainda novo. Não reivindicou
para si e para os seus, regalias e mordomias. Aliás, algumas a que por mérito
próprio tinha direito, foram-lhe sonegadas.
2 - Admiro em Mário Soares a
coragem e determinação com que se bateu pela Descolonização e pela entrada de
Portugal na CEE, embora nesta questão, sem respeitar uma das normas mais
elementares de um regime democrático: a consulta, em forma de referendo, à
população do país.
No caso da Descolonização, por
muitos tida como “exemplar” e por outros o seu contrário, Mário Soares foi ágil,
pragmático e astuto. Conhecia o contexto histórico em que se movia. Eu estava
na Guiné-Bissau – que tinha declarado a sua Independência, de forma unilateral,
meses antes, em Setembro de 1973.
Spínola e a linha “spínolista”
eram contrários à independência das colónias. Defendiam a autodeterminação e,
se possível, o domínio neo-colonial.
Soares, percebeu, que tinha de
ser rápido na definição da política colonial e concluir, com êxito, um dos desígnios
do Programa do MFA: o segundo D, Descolonizar.
Timor ficou para trás –
resolveu-se com sangue, suor e lágrimas, anos mais tarde.
A Guiné-Bissau fez a sua “Descolonização”
no terreno. Nos primeiros dias de Maio havia uma delegação do PAIGC na
principal avenida de Bissau, a dois passos do Palácio do Governador. Estive lá,
fardado, uma “aventura” de que não medi as possíveis consequências, mas de que
não me arrependi. Outros, muitos com patentes mais altas, alferes e capitães,
estabeleceram por todo o território, contactos com o PAIGC e vice-versa, de que resultaram o cessar-fogo
e o fim dos combates. Ficou nas mãos dos políticos o reconhecimento oficial de
uma situação que já o era, de facto.
Moçambique tornou-se independente
em Julho de 1975. Angola foi mais complicado, por várias razões. Três
movimentos “independentistas”, um território rico, muitos interesses instalados
que não queriam abdicar das suas prerrogativas.
Soares foi, vezes sem conta, apontado
como “traidor”, “vendedor de pátrias” e outros nomes nada dignificantes. Cumpriu,
neste caso e com distinção, o seu dever.
Não há “descolonizações
exemplares”. Se o acto, opressivo, de colonizar – conquistar, ocupar, submeter
ao domínio do invasor, explorar – é tudo, menos “exemplar”, por que deveria o
seu inverso ser diferente?
A guerra colonial portuguesa
(1961-1974) deixou um cortejo infindável de mortos, feridos, estropiados,
marcados física e psicologicamente para o resto das suas vidas.
Estes, vítimas de uma guerra
injusta e de um regime sanguinário, tal como os prisioneiros do Tarrafal,
Peniche, Aljube, Caxias, S. Nicolau, Angra do Heroísmo, também são, por direito
próprio, “pais da Democracia”. Lutaram, sofreram na pele e na alma, torturas,
sevícias, espancamentos e até a morte. Não se renderam.
São estes, a par de tantos outros,
os nossos heróis contemporâneos.
Respeitemos a morte de um grande
português. Prestemos-lhe as honras, a homenagem, a gratidão e o respeito que
merece. Mas, por favor, não façam de Soares um mito e muito menos um Deus ou um
Rei.
A Democracia é o
governo do Povo, escolhido pelo Povo. Mário Soares foi um, de entre tantos, que
se dedicaram à causa pública.
Deixo-lhe o meu tributo e homenagem com uma canção do José
Carlos Shwartz, cantor guineense e falecido prematuramente, que a guerra não
deixou ser meu amigo...
25 de Março é a data marcada para o lançamento
do livro "Nordeste Alentejano – Etnografia, Literatura, Oralidades,
Arqueologia e História–Montalvão, Póvoa e Meadas e Castelo de Vide”, da autoria
de J.P. Martins Barata.
A informação foi divulgada pela
Associação Vamos à Vila, de Montalvão.
A obra reúne os artigos do Dr.
Martins Barata que se encontravam dispersos por publicações e revistas
científicas de difícil acesso ao grande público.
Este distinto alentejano que
viveu na Póvoa e Meadas e casou com uma senhora de Montalvão realizou numerosos
trabalhos de recolha e investigação na área das tradições, da Literatura Oral
Tradicional, da Linguística, da História, toponímia e Arqueologia.
A associação promete “mais
pormenores dentro em breve”, mas para dar "um cheirinho", publicou
uma fotografia de “uma paisagem tão cara aos montalvaneneses” e que foi tirada,
precisamente, pelo Dr. Martins Barata”.