22.6.17

População de Nisa tem excesso de peso

Revela estudo de estagiárias de Enfermagem
A população da vila de Nisa tem excesso de peso, de acordo com um estudo realizado por quatro alunas do Curso de Enfermagem da Escola Superior de Saúde de Portalegre e que teve lugar no dia 2 de Novembro, no auditório da Biblioteca Municipal de Nisa.
Por um dia, parte das instalações da antiga Escola Dr. Graça, serviu como sala de estudo e consultório a quatro futuras enfermeiras, Ana Pinto, Carla Martins, Cláudia Henrique e Marlene Ferreira, no âmbito de um estágio de Cuidados de Saúde Primários que decorreu no Centro de Saúde de Nisa, durante nove semanas.
O excesso de peso e a obesidade, visível, de uma parte considerável da população, motivou as jovens estagiárias de enfermagem para uma acção prática que visava, por um lado, fazer um rastreio e conhecer a percentagem da população com excesso de peso e ao mesmo tempo aproveitar a presença do público para uma sensibilização sobre os cuidados e a necessidade de uma alimentação saudável.
A iniciativa decorreu no horário de funcionamento da Biblioteca Municipal, até às 18,30h, num dia de chuva, circunstância que terá afastado muitas pessoas. Ainda assim foram mais de centena e meia os homens e mulheres, adultos, sobretudo, que afluíram ao auditório da Biblioteca, fizeram a medição da altura, peso e da tensão arterial. Os dados destas operações indicavam, por fim, o Índice de Massa Corporal, que eram comunicados e acompanhados de diversos esclarecimentos e distribuição de folhetos informativos que abrangiam os problemas de saúde desta área em estudo.
No que se refere a algumas conclusões, temos que os indivíduos do sexo masculino são aqueles que apresentaram valores de tensão arterial, de acordo com o preconizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como Elevados – Hipertensão Arterial.
São também os indivíduos de sexo masculino, ainda segundo os parâmetros da OMS, que apresentam Excesso de Peso, tendo em conta a tabela de classificação do Índice de Massa Corporal.
É na freguesia do Espírito Santo que residem os indivíduos que, na sua maioria têm Excesso de Peso, e na de Nossa Senhora da Graça os indivíduos que, maioritariamente, têm Obesidade.
O rastreio mostrou que é o grupo dos indivíduos reformados aquele que apresenta maiores riscos quer relativamente ao excesso de peso (30%), quer em relação à obesidade (27%), com apenas 10% dos indivíduos desta categoria, presentes no rastreio, a terem uma situação Normal na classificação do Índice de Massa Corporal.
Valores muito semelhantes foram os obtidos para a faixa etária da população com mais de 65 anos, que evidencia Excesso de peso (23%) e Obesidade (18%), sendo apenas de 6% os indivíduos com uma situação Normal, de acordo com os parâmetros já referidos. Note-se que, tanto no grupo dos Reformados como no da faixa etária > 65 anos não há situações de Magreza. Aliás, cabe referir que, da população presente no rastreio, apenas 1% se insere no conceito de Magreza, de acordo com a classificação do Índice de Massa Corporal, não se registando em Nisa, latu sensu, alguns dos fenómenos característicos dos grandes centros urbanos e que atingem, sobremaneira, adolescentes e jovens.
Ana Pinto, Carla Martins, Cláudia Henrique e Marlene Ferreira mostravam satisfação e o sentimento do dever cumprido, no final desta verdadeira acção de saúde pública e de contacto com a população.
“Foi muito gratificante este contacto com as pessoas” – começou por dizer Ana Pinto, natural de Nisa e a “jogar em casa”.
“Estas acções inscrevem-se no âmbito do estágio de Cuidados de Saúde Primários no Centro de Saúde de Nisa e nós tivemos esta ideia, mais abrangente e voltada para o exterior, uma forma de conhecermos os outros e de nos conhecermos a nós próprias. Esta acção era para ser feita na rua, mas acabámos por realizá-la aqui face às condições do tempo. “
De entusiasmo, era a expressão de Cláudia Henrique quando lhe perguntámos se tinha valido a pena esta iniciativa.



“Foi muito bom, pois apesar do mau tempo ainda veio muita gente. Foi pena não terem vindo mais crianças e jovens. Os que vieram mostraram curiosidade e atenção às mensagens que procurámos transmitir, principalmente os relacionados com a alimentação. Pensamos em qualquer coisa para nos aproximarmos da população e este objectivo foi alcançado”.
No âmbito do estágio de nove semanas em Nisa, as quatro jovens passaram por todas as valências do Centro de Saúde, desde o Internamento, às Urgências, Consultas e Extensões locais. O rastreio da Obesidade foi o culminar deste trabalho e aquele que, porventura, mais as terá motivado.
“Os resultados do rastreio, são o espelho do Alentejo, que tem uma população idosa e hábitos alimentares enraizados” – concluem Carla Martins e Marlene Ferreira.
“As pessoas fazem uma alimentação pouco equilibrada e pouco variada, à base de enchidos e gorduras, para além dos estilos de vida, sedentários, e sem actividade física regular. As consequências são as doenças como a hipertensão e a diabetes. A mensagem que procurámos transmitir, a nossa sensibilização, foi no sentido de procurarem ter uma alimentação saudável e variada.
Nota-se que as pessoas têm consciência que são obesas, mas depois não agem em conformidade, não se preocupam em ter comportamentos mais saudáveis, não só no aspecto da alimentação, mas interiorizando a importância do exercício físico, os passeios, uma vida menos sedentária.”
A terminar, as alunas da 4ª Licenciatura B em Enfermagem, fizeram questão de deixar expresso o seu agradecimento às seguintes entidades:
ARS de Portalegre, Engª Gabriela Tsukamoto, presidente da Câmara de Nisa, Equipa de Enfermagem do Centro de Saúde de Nisa, Sr. Bento Semedo, responsável pela Biblioteca Municipal, SPEO – Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, e a todas as pessoas que directa ou indirectamente proporcionaram a realização deste trabalho.
Mário Mendes in “Jornal de Nisa” nº 219 – 2006