29.3.17

José Condessa destaca-se em "Splendid's", no Teatro Experimental de Cascais

A peça "Splendid's", de Jean Genet, tem encenação de Carlos Avilez e fazem parte do elenco José Condessa*, Henrique Carvalho e João Pedro Jesus estando em cena no Teatro Mirita Casimiro em Cascais.
Jean Genet sempre é um dos autores que mais representações teve no Teatro Experimental de Cascais e regressa agora de novo com encenação de Carlos Avilez, com "Splendid's".
Sete marginais estão juntos, num hotel de luxo, juntos e presos, detidos por vários momentos de vida, cercados pela polícia.
"Splendid's" é uma das peças mais densas de Genet, escrita e entregue ao editor para publicar, em 1942.
Após a recusa de publicação, o escritor decidiu queimar a obra, mas conseguiram-se salvar algumas folhas.
O grande destaque, na representação, vai para o jovem actor José Condessa. Com um personagem complexo, Jean, e um texto difícil, interpretou-o de uma forma extraordinária.
Recordamos que todos os actores, com excepção de Filipe Duarte, foram alunos de Carlos Avilez na Escola Profissional de Teatro de Cascais.
Tudo começa com o pano em baixo ao som de "Non, je ne regrette rien", de Edith Piaf e iluminação de um lustro no final da plateia.
Muita sensualidade e erotismo, com um guarda roupa bastante cuidado e uma dicção/projecção de voz perfeita.
Estávamos na última fila e conseguimos perceber tudo o que os "sete magníficos" disseram: nenhum deles teve qualquer microfone ou amplificação de som.
O momento alto da peça é quando Jean beija o polícia e se despe, ficando apenas em boxers.
Esta cena poderia levar a comentários, ou a risos. No entanto nem o som da respiração de uma sala esgotadíssima, se escutou.
Recordamos que José Condessa está a gravar uma novela, em Ilhavo, e que esteve em ensaios em Cascais. Embora com 19 anos, podemos afirmar que é um "Actor", com um grande Mestre por trás, Carlos Avilez.
Na estreia, que aconteceu no Dia Mundial do Teatro, estiveram presentes Marcelo Rebelo de Sousa, Eunice Muñoz, Ruy de Carvalho, Francisco Pinto Balsemão, e outros actores que diariamente aparecem nas novelas nacionais.
No final da representação, Teresa Côrte-Real, que interpreta A voz da Rádio, leu um texto de Isabelle Huppert.
Esse texto recordou que "já passaram 55 anos" desde que em Paris se celebrou pela primeira vez o Dia Mundial do Teatro.
Recordou também que "Paris é a cidade que mais companhias internacionais recebe" e ainda que "o Teatro renasce sempre das cinzas".
António Manuel Teixeira in www.hardmusica.pt – 29/3/2017

 * José Condessa tem ligações a Nisa, terra dos seus avós paternos