18.11.16

HISTÓRIA: A revolta do contrabando em Montalvão





O fim das guerras liberais em Portugal deixou graves sequelas ao nível da tensão social. Nas regiões mais afastadas do centro do poder, como o Norte, o Alentejo ou o Algarve, a vitória liberal não foi sentida com o mesmo entusiasmo de Lisboa ou Porto. Estas tensões sociais foram agravadas com as novas leis sobre recrutamento militar e o agravamento da política fiscal e acabariam por dar origem à Revolta da Maria da Fonte, na Primavera de 1846, cujo pretexto foi a proibição de enterramentos nas igrejas.
Montalvão não esperou pela Maria da Fonte. Sendo terra de fronteira, sentiu de forma particularmente aguda o agravamento dos impostos. Esta situação atirou cada vez mais montalvanenses para o contrabando, actividade com forte tradição na terra.
Embalado pelo ambiente de revolta popular que se começava a fazer senti um pouco por todo o país, o povo de Montalvão em peso, homens e mulheres, acometeu, no final de Fevereiro de 1846, contra o Posto de Alfândega e obrigou os seus empregados a fugir para Nisa com receio da própria vida.
A 3 de Março desse ano, Inácio da Silva Carvalho Ferreira, sub-director da Alfândega, vendo que não conseguia retomar o controlo do Posto, enviou um escrivão com um ofício para o governador civil de Portalegre, João Bernardo de Sousa, solicitando uma força militar de 40 homens, 10 de cavalaria e 30 de infantaria. Este, por sua vez, encarregou o referido escrivão da Alfândega de levar um ofício seu, com informação mais detalhada, para o comandante da 7ª Divisão Militar.
A situação só ficou resolvida, com o regresso à normalidade, alguns meses depois.
São os dois ofícios, acima citados, que se juntam em anexo, provenientes do Arquivo Histórico Militar.   
Jorge Rosa