1.8.15

POESIA POPULAR: Décimas a um amigo que partiu

Poema a um amigo que partiu
Dentro da vila de Nisa
Triste caso se passou
Morreu o amigo Zé Camões
Que tanta pena deixou.
I
Tinha tudo planeado
Para um bom serão passar
Com filhos e netos a jantar
Na sua quinta, coitado
Aconteceu o inesperado
Veio a morte que nunca avisa
Qualquer um de nós desliza
Foi o que lhe aconteceu
Caiu no chão e morreu
Dentro da vila de Nisa.
II
Ele era muito engenhoso
Mas a morte é mais marota
A cautela é sempre pouca
Até ao mais cuidadoso
Qualquer degrau é perigoso
E ele nunca pensou
Nem sequer imaginou
Que lhe acontecesse tal
E no seu próprio quintal
Triste caso se passou.
III
O que está para vir ninguém sabe
Nem ninguém vai adivinhar
Deixou dois filhos a chorar
E uma viúva, a Piedade
A morte só tem maldade
E nunca tem opções
E ninguém tenha ilusões
Que desta vai escapar
Tremi quando ouvi comentar
Morreu o amigo Zé Camões.

IV
Dezassete de Julho foi o mês
Dois mil e quinze o ano
Que esse acidente tirano
Uma família desfez
Eram e são unidos de vez
Para justificar cá estou
Ainda bem que ele plantou
Raízes como ele igual
Mas abalou o pilar principal
Que tanta pena deixou.
António Elias Estróia (Julho 2015)