22.10.14

MEMÓRIA: Banda de Niza: É symphonica...ou não é symphonica? (2)

 O insigne maestro e sábio professor e meu querido mestre Júlio Newparth diz: “Symphonica é toda aquela que tenha elementos para executar as symphonias, suites-poemas, etc., etc.
Manuel Benjamim, o inspirado maestro e sábio professor diz-me: “Symphonica é toda aquella que souber executar bem as symphonias. A de Nisa, de que eu conheço a estructura é symphonica – lá tem os dois instrumentos característicos e necessários para seu complemento, a flauta em dó e o oboé!”
O grande regente da Orchestra Symphonica Portuguesa, Pedro Blanch, de há muito que tem como opinião que é symphonico todo aquele conjunto que consiga executar todas as phases symphonicas da distribuição musical. É claro que o Sol-e-Dó do Dafundo e a Filarmónica da Moita não pode tocar a symphonia do Guaray de forma a poder ser ouvida com agrado. A não ser em aleijão como já ouvi tocar a symphonia Fão de G. Tell, essa gloria musical, esse génio que brilha no meio dos requintes portugueses, que modificou a antiga Banda da Guarda Municipal para a explendida Banda Symphonica que hoje tão proficientemente rege, teve precisamente a opinião de Pedro Blanch. Eu, entre tão insignes companheiros, um ínfimo pygmeu entre tais gigantes.”
Há-de haver um ano e tal, que este assunto bem discutido foi, e d´essa discussão nasceu a luz de que symphonico é todo aquele agregado de executantes musicais, onde os naipes tenham toda a extensão dos timbres  e onde possa ser transcripto o colorido empregado pelo auctor do motivo symphonico.
F. Bahia, professor distincto e Director do Conservatório de Lisboa, diz-me numa erudita carta de que vou transcrever alguns períodos.
-“ Como V. sabe muito bem a etymologia da palavra symphonica – sym – com e phône-sem é como vê toda a reunião de vozes ou de sons que formem um conjuncto.
É adoptada para peças de música com vários andamentos. Na Alemanha e nos grandes paizes musicais denominavam Banda Symphonica ou Orchestra SYmphonica a todas aquelas que estavam habilitada a executar os motivos symphonicos, sendo necessário para a sua constituição ter em mira conseguir-lhe a maior extensão do som, para poder abranger toda a gama empregada pelos motivos symphonicos dos auctores.
Nas melhores Orchestras há géneros e qualidades de peças, para que é necessário o augmento dos seus executantes, isto pela exigência das partituras; e no entanto essas Orchestras, não tendo constantemente tal numero de instrumentistas, mesmo assim não deixam de ser symphonicas.
A sua banda composta como está, ou como V. me dise a ia compor, é uma peque Banda Symphonica, disso não tenho a menor duvida, como a Banda da Guarda Republicana é uma grande Banda Symphonica, com que nós os portugueses muito nos devemos orgulhar, etc., etc.
Não sei meu caro amigo se disse o bastante para poder explicar que quando qualifiquei de Banda Symphonica, a Banda que me orgulho de reger, fundamentava em prévio conhecimento d´arte a sua constituição.
Mesmo assim, faltando-lhe muito do que esperava ela já tivesse, ainda lhe podemos afoitamente chamar Symphonica deixando barafustar os ignorantes e rirmo-nos dos despeitados.
Disponha, meu amigo, sempre do pequeno préstimo do que é com praser seu Admirador devotado,
António Pena
*************   *********   *********
PS= Olhe, meu amigo, Phylarmonica é que ela não é, como lhe vejo alguém chamar!
Ahi teem os Nizenses a resposta do Regente da Banda Symphonica de Niza que, pelo que parece, sempre é Symphonica, contra a má vontade dos despeitados, é claro, para que a Banda ainda é um marmelo cru, atravessado nos gorgomilhos...
Tenham paciência!
Um amador de música.