5.2.14

CRÓNICAS DO REGABOFE (22): Saudades de ti...


Sou assim, um sentimental inveterado. Dois dias de chuva continuada bastaram para trazer o saudosismo de volta à minha memória. E recordo-me dos amigos que fiz em Portalegre nos tempos de estudante. Da escola de São Lourenço, do liceu, do magistério... dos cafés Facha, Central, Alentejano e Tarro, alguns ainda do Plátano. Da tasca Marchão, Escondidinho, do David, Painel e outros dos quais já o nome me não vem à lembrança.
Dos amigos vem-me um esboço, por vezes já esbatido, de adolescentes primaveris de 15, 16, 17, 18, anos, já não tenho nomes para os rostos nem rostos para nomes. É o pagamento em memória que a vida nos cobra.
Juntos descobríamos a bebida, a droga, o amor, o sexo, a vida...
Felizmente, todos se fizeram homens e mulheres cada qual, como convém, à sua maneira...

Só eu, apenas eu, continuo o mesmo adolescente imberbe e impuro, incerto, volátil, deficiente no seu não crescimento.

Jaime Crespo