28.10.13

Opinião: OBRIGADO, PAI

(Em memória de José da Graça Salgueiro Zacarias)
 Agora que já passaram dez dias, já tenho a mínima força que me permite escrever algumas palavras de agradecimento por aquilo que deixaste e fizeste por todos nós.
Tiveste uma infância difícil, que Te obrigou a autoeducar e autodignificar, pois o abandono de que foste alvo por parte do Teu pai, ainda em criança a tal te sujeitou.
Cedo começaste a passar uma imagem de sacrifício, ao teres que ganhar para a casa, ainda em criança, e daí teres no resto da Tua vida o hábito de dares o valor às coisas, que elas efetivamente merecem.
Foste ao longo da Tua vida, um exemplo para todos, mesmo para aqueles que menos te conheciam, mas não menos te admiravam. Eras afável, simpático, prestável, simples, Homem de palavra e digno da simpatia e amizade de todos os que Contigo se relacionavam. A prova esteve no elevado número de familiares e amigos que Te acompanharam até à tua última morada.
Foste durante os quarenta anos de funções profissionais, um Homem, com um grande sentido de responsabilidade, abraçando sempre a Tua profissão com um enorme profissionalismo e com um relacionamento com todos os colegas, baseado no respeito mútuo e na disponibilidade em ajudar;
Deixas na Terra que Te viu nascer (Nisa), uma imagem de HOMEM BOM, sempre disponível em ajudar os outros, sempre comunicador e afável.
Assim, Pai, se todos soubermos honrar a Tua memória, vai ser para nós mais fácil viver e contrariar as adversidades da vida, pois considero ser um privilegiado, na medida em que penso ter conseguido apreender aqueles que eram os pilares da Tua vivência, destacando a classe que tinhas em “Saber Estar”!
Transmitiste a todos os familiares (principalmente netos e filhos, mas também a toda a restante família e amigos), valores de respeito, verticalidade, responsabilidade, amabilidade, sinceridade, simplicidade, amizade e amor.
Eras Amigo de verdade!
Já passaram alguns dias, mas, confesso, PAI, não estou a conseguir suster as lágrimas, pois é impossível para mim habituar-me à ideia de diariamente, não Te conseguir visitar, ver, beijar e perguntar-te: então, Pai, como é que isso está?
A Tua resposta, essa, sempre com ar de boa disposição, era sempre a mesma: Óptimo, Filho!
Pois é, Pai, mesma que assim não fosse, o Amor que por mim tinhas e a inteligência que sempre apresentaste ao longo da Tua vida, faziam com que sempre me deixasses descansado e bem disposto.
Sabias e tinhas consciência que sempre te acompanhei, mas quero dizer-te que embora tivesses partido, essa será uma viagem que eu e todos também um dia iremos fazer, e independentemente de onde cada um de nós esteja neste momento, a verdade é que estaremos sempre juntos. A tua presença é constante e nunca te apagaremos da nossa memória.
Pai, partiste com a dignidade que durante toda a vida tiveste, conseguiste despedir-te do Teu Grande Amor, a Mãe, ao dizeres, ainda com toda a lucidez “Levo-te no Meu Coração”!
Não tiveste tempo de te despedires de mim, mas se o tivesses conseguido, não duvido que a frase era a mesma, pois levaste todos no coração, mas podes ter a certeza que também ficaste no coração de todos.
Partiste nos meus braços, agarrado a mim, momento que jamais esquecerei, mas tenho esperança de um dia também poder estar nos teus!
Pai, estamos todos a sofrer muito, mas o sofrimento faz parte da vida, e esse eu não o queria para Ti, e Deus fez-me a vontade!
Prometo dar continuidade aos valores que me deixaste e fazer com que todos o façam!
Salientavas, com frequência o apoio que todos te davam, e eu não posso, em Teu nome deixar de agradecer publicamente o apoio prestado desde a primeira hora, de um Grande Teu Amigo e da Família, chamado Arménio Morais de Almeida, que na véspera de partires, passou um serão contigo que Tu apelidaste de “Excecional”, e que o próprio referiu ser impossível esquecer.
Agradecer também publicamente, e porque não Te cansavas de o mencionar, à Santa Casa da Misericórdia de Nisa, na pessoa do seu Provedor, também ele um Grande Teu Amigo e colega de trabalho de muitos anos, assim como à equipa de Cuidados Continuados do Centro de Saúde de Nisa.
Um agradecimento, também ele muito especial, aos médicos, enfermeiros e auxiliares do Hospital de Santa Maria, que Te acompanharam, dando-te o máximo apoio ao longo destes últimos dois anos.
Pai, fica descansado, porque em Teu nome faço um agradecimento extensivo a todos os Teus familiares e Amigos, pois o reconhecimento, era para Ti, uma questão-chave da Tua maneira de ser.
Pai, não me podia esquecer, como calculas, de agradecer a alguém mesmo muito especial e que Tu muito adoravas e sempre Te acompanhou e deu a maior força: a Tua sobrinha ANA, essa Grande Mulher! Pois é, Pai, quero que saibas que também nós lhe estamos eternamente gratos.
Por fim, Pai, e para que estejas mesmo em Paz, também Te quero dizer que a Tua principal preocupação, além de todos nós, e que se prendia com a Mulher da Tua vida (a Mãe), ela irá ter da nossa parte o Amor que sempre teve, mas agora mais que nunca, também o apoio, a assistência e o carinho, que Tua fazias questão que todos lhe déssemos. Está descansado, Pai, a Mãe está a ter muita força e vai vencer, com a ajuda de todos!
Termino esta minha comunicação, Pai, dizendo-te que Tu não morreste, pois só morrem as pessoas que nós esquecemos, pelo que estarás sempre entre nós.
 OBRIGADO, PAI
 Até um dia!
 Do Teu Querido Filho Amílcar