22.10.12

Opinião: IN CLARIS, NO FIT INTERPRETATIO


... a grande amizade, estima e agradecimento por aquele que foi o meu grande companheiro de carteira entre o 1.º o 5.º anos do colégio em Nisa, José Maria de Oliveira Marquês, dar-lhe conta ... se é que é preciso, da amizade que me dedicou... estando eu largo tempo doente em ano de exame, no 2.º ano do colégio, dando-me conta da matéria dada diariamente, aquele que considero o ser mais inteligente que conheci até hoje, que poderia academicamente chegar a um ponto alto na qualquer área que escolhesse, com a sua extraordinária bondade, simplicidade, cuidado e inteligência... fazia-me o ponto da situação e informação escolar diários...
Estudar e partilhar com ele no lugar mais próximo a mesma carteira, foi para mim um privilégio, fica-me talvez melhor dizer... uma bênção.
Embora ausente pela distância sempre lhe dediquei o melhor dos sentimentos, quer de estima quer de agradecimento, da maior afetividade, permite-me....familiaridade.
Nas voltas da vida nunca esqueci aquele que haveria de ser o meu companheiro de carteira do 1.º ano ao 5.º ano do Colégio, das suas excecionais qualidades, do seu carácter, da sua nobreza de alma.
Nunca o esqueci.
Quando te encontrei, já depois do desaparecimento físico de tua mãe, cujo facto não me chegou ao conhecimento na oportunidade, fui incapaz de falar no assunto quando nos encontrámos, com receio de que nos emocionássemos.
Conhecia demasiado bem a mãe do Zé, da enorme capacidade de acolhimento da pessoa bondosa de tua mãe, um ser tão bom... tanta bondade, casa onde tantas vezes entrei, qualidades de acolhimento que já eram cultivadas pelos teus avós, e se estendiam ás tuas tias, pelo que se nos impõe o dever de lhes dedicar elevados sentimentos de respeito carinho e admiração.
O exemplo sereno de vida do Antero...
E no céu, onde está a tua mãe consentir-me-á, aprovará por certo, este meu reconhecimento público ..., agradecimento e estima pela tua beleza interior.
Como referido na epígrafe, foi o Zé, talvez o ser mais inteligente que conheci até hoje, com qualidades invulgares para poder ser tudo o que quisesse.
As pegadas, nas nossas almas, dos tempos em que companheiros vivíamos em proximidade ocupando a mesma carteira diariamente, durante cinco anos, deixam-me profundas saudades.
Igualmente dispensámos da prova oral do 2.º ano graças à qualidade das informações que me transmitias com rigor, visitando-me durante o período de doença, e em que te esmeravas e eras pontual, com as auas altas capacidades de aluno superior.
Ao rever-te há tempos a grande alegria da partilha do encontro.
A amizade... Zé, é como a fé... nem é mais nem menos... é simplesmente.
Embora nos diversos caminhos e viagens da vida sozinhos ... a nossa amizade segue igual à de ontem.
A nossa amizade foi, é, um ...abraço para sempre, e enriquece-nos, e é bênção que agradeço.
Vivemos no país um momento coletivo e individual de afrontamentos, de pobreza, de agressividade, de incompreensão pelas pessoas de bem que prosseguem a justiça mas não dispensam a humanidade das decisões, não aceitam a incompreensão pelos mais pobres.
Nós sabemos que tais tempos justificam, que não toleram as arbitrariedades, as certezas adquiridas da gente dos pequenos e grandes poderes que contrasta com as certezas das nossas dúvidas, do pouco que conhecemos e sabemos.
Este contexto social que começa a evidenciar-se ameaçador, bem ao nosso redor.
Porém, não nos amedrontemos, não poupemos a crítica que exige justiça, ajuda fraterna, compreensão, perdão em vez de perseguição....vectores que Nossa Senhora da Graça induziu nas nossas mães, e que se nos transmitiram.
Por isso me lembrei, da integridade do teu exemplo, nesta hora de exigência de um sentido
para a vida.
Não nos equivoquem, temos o direito de ser nós. Não achas Zé?
Com a mesma afetividade sincera de sempre
João Castanho