4.7.12

Morreu o Manuel Diogo: Arquitecto de sonhos, construtor de esperanças

"Eles não sabem que o sonho, é uma constante da vida…"
Manuel da Conceição Tavares Diogo, 61 anos, natural de Arneiro, reformado da Celulose do Tejo, faleceu no passado fim- de- semana em Coimbra, vítima de doença que se lhe revelou de forma vertiginosa e imparável.
Morreu um homem bom do Arneiro, um arquitecto de sonhos e de causas, um militante da esperança e da vida, uma vida de que se despediu, cedo de mais, para quem como ele, acreditou sempre que era possível um mundo melhor, mesmo depois de perceber que não conseguia "mudar o mundo", essa utopia que galvanizou milhares de jovens, dinâmicos, voluntariosos e solidários, nas décadas de 70 e 80 do século passado.
Manuel Diogo, viveu, como poucos, de forma activa e empenhada, quer como militante político de esquerda, como delegado e dirigente sindical dos metalúrgicos ou como eleito local na sua freguesia.
Pertenceu a comissões de festas, do lagar, do clube desportivo, que ajudou a criar e sempre que algo de novo em favor da sua terra e freguesia se perspectivasse, lá estava o Manel, na primeira linha, disponível, com aquela disponibilidade de quem não quer nada em troca, nem media a participação cívica pelo deve e haver com que muitos, hoje, se perfilam para listas e lugares.
O Manuel Diogo partiu do nosso convívio. Foi a sepultar nesta segunda-feira na sua terra natal, o seu Arneiro que o viu nascer no primeiro ano da década de 50, uma terra onde faltava tudo, mas sobravam as crianças que descalças jogavam à bola e ao pião.
Não estranhei a multidão que o acompanhou à sua derradeira morada, numa hora de calor sufocante. O povo da sua freguesia, os companheiros da Celulose onde travou e liderou com a sua determinação e exemplo, muitas e muitas lutas, em defesa de interesses sociais e colectivos.
O Manuel Diogo morreu. O seu exemplo fica. Deixo à família e amigos, votos de sentidas condolências.
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 4/7/2012