3.5.12

GNR caracteriza Violência Doméstica no Distrito

O Dia da Mãe é uma data comemorativa que em Portugal se celebra no primeiro domingo do mês de Maio, correspondendo ao próximo dia 06MAI. Esta data pretende-se que seja uma homenagem a todas as mães, mas, também e obrigatoriamente, a todas as mulheres, sendo ensejo para reforçar e demonstrar o amor dos filhos pelas suas mães. Tradicionalmente neste dia é costume obsequiá-las, numa clara manifestação de afeto e carinho, demonstrando-lhes e agradecendo-lhes todo o empenho e dedicação.
Associando-se a esta data, a GNR de Portalegre querendo homenagear todas as mulheres portuguesas em geral, e do distrito de Portalegre em particular, preparou um estudo de caracterização do crime de violência doméstica que ora divulga, considerando poder assim contribuir e colaborar para uma melhor compreensão do fenómeno e, naturalmente, para uma decréscimo desta chaga social que fere tantas das nossas concidadãs.
Caracterização do Crime de Violência Doméstica no Distrito de Portalegre durante o ano de 2011
O Comando Territorial de Portalegre, através do Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Especificas (NIAVE), da Secção de Investigação Criminal, efetuou uma caracterização exaustiva do Crime de Violência Doméstica, no Distrito de Portalegre, durante o ano de 2011.
Neste estudo apenas estão analisadas as denúncias de Violência Doméstica, ocorridas no Distrito de Portalegre, durante o período em referência, em que as vítimas apresentaram queixa nos Postos Territoriais da Guarda Nacional Republicana.
Esta problemática vem merecendo uma especial atenção por parte do Comando Territorial de Portalegre, melhorando continuadamente a sua resposta operacional no âmbito das violências cometidas contra os grupos de pessoas tendencialmente mais vulneráveis e que constituem um fenómeno social emergente de elevada complexidade. No âmbito das diversas investigações que o NIAVE tem levado a efeito tem actuado sempre em três vertentes fundamentais – policial; processual penal; e psicossocial – procedendo à sinalização, identificação e acompanhamento das situações, promovendo um atendimento especializado e personalizado às vítimas, coadjuvando as autoridades judiciárias, propondo as medidas adequadas à protecção das vítimas e, sempre que necessário, efectuando o encaminhamento das vítimas para os organismos da rede de apoio à vítima mais indicados para cada situação em concreto, bem como o acompanhamento integrado das situações.
Em termos médios, o Comando Territorial de Portalegre teve aproximadamente os mesmos valores de denúncias que em anos anteriores. Este valor médio também se aproximou bastante dos Comandos Territoriais com as mesmas características sociodemográficas, nomeadamente com Castelo Branco, Évora e Beja.
A comunicação das situações de Violência Doméstica foi essencialmente efectuada através do meio presencial, por intermédio das vítimas, revelador do aumento de confiança das mesmas no contacto com a GNR e na subsequente actuação da Guarda.
No Distrito de Portalegre, registaram-se 162 crimes de Violência Doméstica, em que os concelhos de Ponte de Sôr, Portalegre, Campo Maior e Alter do Chão apresentaram maior índice de criminalidade, com os concelhos de Arronches, Monforte Castelo de Vide Sousel e Sousel a registar o menor número de denúncias.
Analisadas as características sociodemográficas das vítimas, verifica-se que, por norma, são cidadãos portugueses, do sexo feminino, casados ou divorciados (mas que mantêm ou mantiveram uma relação análoga às dos cônjuges), entre os 25 e 45 anos de idade, empregados, com o 9º ano de escolaridade, não dependentes economicamente dos agressores (que são maioritariamente os companheiros ou os cônjuges).
Os suspeitos da prática do crime de Violência Doméstica, no distrito de Portalegre, durante o ano de 2011 foram, em regra, cidadãos portugueses, do sexo masculino, casados ou solteiros (mas que mantêm ou mantiveram uma relação análoga as dos cônjuges), entre os 25 e 45 anos de idade, empregados, com o 3º ano de escolaridade, não dependentes economicamente das vítimas (maioritariamente as companheiras ou cônjuges).
Também se constatou que a posse/utilização de armas por parte do agressor foi pouco expressiva, mas que o consumo de bebidas alcoólicas é frequentemente apontado pelas vítimas como umas das principais causas para o comportamento violento dos agressores.
A quase totalidade das intervenções policiais efectuadas pelos elementos da GNR do distrito de Portalegre, no ano de 2011, pela prática do crime de Violência Doméstica, ocorreu a pedido da vítima.
Ao nível das agressões constata-se que na sua maioria são infligidas em termos psicológicos, seguindo-se a violência física, felizmente sem consequências de maior para as vítimas, apesar de que em quase metade das situações existiram menores a assistir às agressões. Em cerca de um terço destas situações existiu reiteração.
Em termos temporais foi possível apurar que o maior número de situações de violência doméstica ocorrem durante os fins-de-semana, entre as 19H00 e as 01H00.
Concluindo, importa referir que o mito da “família ideal” leva-nos a pensá-la como o lugar dos afetos e da expressividade. Esta idealização associada a outros mitos é, em parte, responsável por negligenciarmos a gravidade da violência doméstica considerando-a, muitas vezes, como uma componente necessária à educação dos filhos, ao relacionamento conjugal e a certas interações familiares. É igualmente responsável pela constante “desatenção seletiva” de que este problema tem sido alvo ao longo dos anos.
A violência doméstica constitui, de facto, um fenómeno de longa data. As nossas sociedades estão repletas de inarráveis crueldades cometidas contra as crianças, as mulheres e outros membros da família.
Importa salientar que apesar da visibilidade que a violência doméstica vai adquirindo em Portugal, consideramos que ainda se trata de um fenómeno dotado de uma grande opacidade. E assim permanecerá se não se promoverem estratégias diversificadas e adequadas de abordagem envolvendo os diversos actores com responsabilidade nesta área.