8.12.11

AREZ: ACESA reviveu tradições com a “Matança do Porco”

Foi com muita alegria e boa disposição que a ACESA – Associação da Cultura e Saberes de Arez, festejou o seu primeiro aniversário no dia 22 de Outubro de 2011.
O clima festivo reactivou-se no passado domingo, dia 4, com a realização da tradicional Matança do Porco, iniciativa que juntou associados e amigos da ACESA para a confraternização e fruição dos antigos saberes e sabores que num tempo ainda próximo marcavam o ciclo das actividades rurais da população arezense.
A antiga escola primária, sem os sorrisos infantis e o bulício de outrora, enche-se agora de rostos ainda jovens, alguns já com as marcas de uma longa caminhada, mas ainda assim joviais, abertos e dispostos a mostrarem os saberes de uma vida.
Saberes que começaram na matança propriamente dita do animal e prosseguiram com as tarefas que lhe estão associadas, o chamuscar, a raspagem e lavagem do pelo, a pesagem, o retirar de tripas e versuras e o desmanchar.
Pelo meio e numa manhã onde o sol surgiu com brilho outonal, os homens provam as pingas da última vindima, petiscam pedaços de toucinho da barbela e recordam histórias das matanças de outros tempos.
As mulheres afadigam-se na preparação do sangue, na separação das “maranhadas” de onde hão-se sair os ingredientes que darão o sabor tradicional às cacholeiras e a outros enchidos.
É nesta azáfama, plena de trabalho para uns, de convívio para outros e de animação para todos, que se entende o significado das tradicionais matanças do porco, tão comuns e populares em todo o interior português, de Trás os Montes ás Beiras, ao Alentejo e ao Algarve. Um grande significado, não apenas simbólico, o da matança do porco, por vezes, o pretexto para sentar à mesma mesa, os familiares mais chegados e que vinham ajudar nas diferentes fases da matança e no posterior tratamento das carnes do porco, desde o lavar das tripas, ao tempero e fabrico dos enchidos.
Junto à cozinha, o cheiro dos aromas é intenso e convidativo. Maria Antónia “Chouriço” não tem mãos a medir. Experiente e com mão nos temperos vai confeccionando com a ajuda de várias companheiras, os acepipes que irão servir de almoço aos sócios e convidados desta jornada sócio-cultural e gastronómica.
O almoço decorre num clima de festa. Saboreiam-se os comeres da matança, desde as sopas de cachola, às febrinhas de molho e a finalizar o repasto haverá ainda um lugarzinho para o arroz doce e as papas de milho.
Os manjares e os petiscos da matança irão prosseguir pela tarde e pela noite fora.
Os participantes deram o seu tempo de convívio por bem entregue.
É, por isso, que a matança do porco se renova, como uma manifestação cultural, que une saberes ancestrais e seres, gente a viver o Outono da vida, já com poucas preocupações quanto ao futuro e que ganharam uma nova expressão e vontade de participação, com o recente aparecimento de duas associações recreativas e culturais que querem dinamizar Arez.
A matança do porco é organizada pela ACESA, associação que começou a ganhar forma no ano lectivo de 2000-2001. Nessa altura, a actual presidente da direcção, Rosa Metelo, professora, participava como dinamizadora do projecto local da EB1 /JI de Arez, um projecto que foi alargado a toda a aldeia e que desde logo impulsionou as pessoas envolvidas no sentido de criarem uma associação, intenção que não foi concretizada devido à falta de um espaço físico adequado.
Mas, como diz o povo, “tudo anda até que chega” e em Setembro de 2010 foi criada a Associação da Cultura e Saberes de Arez – ACESA, tendo como base um grupo de onze associados, que procuram ampliar e transmitir a toda a comunidade, o projecto cultural iniciado com a Ludoteca ainda na EB1 /JI Arez.
O encerramento da Escola transformou este desejo num imperativo e com o aparecimento da associação tornou-se possível reiniciar os vários projectos culturais que aguardavam oportunidade para verem a luz do dia.
O objectivo social da ACESA é “proporcionar bem-estar desenvolvendo actividades que promovam a divulgação da cultura e saberes de Arez, a preservação do seu meio ambiente natural e construído, assim como a vivência de animações recreativas e desportivas.
Rosa Metelo, presidente da direcção, defende que a associação está aberta ao debate de ideias promovendo a divulgação de actividades tendo em vista colmatar as necessidades da aldeia, que ficou mais fragilizada culturalmente com o encerramento da EB1/JI de Arez, devido à inexistência de qualquer espaço sociocultural-educativo.
Para atenuar essas dificuldades, a ACESA realizará reuniões, encontros, convívios, tradições, debates, saraus, caminhadas, vistas, passeios, exposições e todos os eventos que os associados considerem úteis aos interesses sociais e culturais da comunidade de Arez e em concordância com os estatutos, preocupando-se, nomeadamente, com as faixas etárias mais carentes de actividades culturais: as crianças e jovens.
Principais projectos
• Reiniciar interacções com a comunidade através de troca de saberes: Projectos dos “Ss...”
• Oficinas dos Saberes: Informática, artes decorativas, pintura, artes plásticas, expressão motora, expressão musical, expressão dramática, danças, cantares, rendas e bordados, animação de leitura, canto do conto, horta biológica, saraus, atelier de tempos livres, caminhadas, percursos de orientação, passeios, acampamentos.
• Tradições de Arez: Recriação do presépio, dia de Santo Amaro, dia dos Compadres, dia das Comadres, Encomendar as Almas, Aleluias, dia das Maias, Arco da Ascensão, Espiga, Santo António.
• Festividades: Dia de S. Martinho, Natal, Dia Mundial da Paz, Carnaval, Páscoa, Festa da Primavera, santos populares, férias de Verão.
• Divulgação: Promoção de eventos que respeitem os estatutos da ACESA.
• Espaço Internet aberto à comunidade
• Criar ATL: Crianças, jovens, idosos
Órgãos sociais da ACESA
Assembleia Geral
António Graça do Rosário - Presidente
Carlos Eduardo Rolo Seco -  1º Secretário
António José Nunes Metelo - 2º Secretário
Direcção
Maria Rosa de Matos Tavares N. Metelo - Presidente
Graça Maria Silva Seco - Vice-Presidente
Daniela Rosa da Silva Ribeiro - Secretário
Sílvio António Silva Seco - Tesoureiro
Maria de Matos Jorge Lopes da Costa - Vogal
Henrique Manuel Reis Rolo Magalhães
Sónia Isabel da Silva Seco Ribeiro
Lucília Maria Filipe Piçarra - Suplentes.
Conselho Fiscal
Francisco Pereira Dias Carrilho - Presidente
José Eduardo Silva Seco e Maria Antónia Mendes Vaz, vogais.
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 7/12/2011