27.4.11

NISA: Amália Rodrigues nas Festas do Povo - 1976

Em tempo de crise e de “vacas magras”, e quando se questiona a realização ou não da Nisartes – com este nome ou com outra alcunha - será oportuno recordar algumas iniciativas realizadas em Nisa, há 35 anos, sem apoios camarários (a gestão local, democrática, era ainda um recém-nascido) e contando com a boa vontade e empenhamento da população.
Nesse ano (1976) Nisa recebeu a visita e actuação de Amália Rodrigues, no segundo ano das Festas do Povo, realizadas na Alameda.
Um programa com um elenco “fabuloso” - para a altura e as circunstâncias - que juntou, nos quatro dias de festa, alguns dos mais consagrados artistas nacionais, desde a já referida Amália ao Trio Guadiana, Lenita Gentil, Artur Garcia, Fernanda Batista, Moniz Trindade, Eugénia Lima, Trio Harmonia (campeões mundiais de harmónica de boca) e ranchos folclóricos bem conceituados como os grupos Académico e Infantil, de Santarém ou o Tá Mar, da Nazaré.
Os bailes – nesse tempo ainda se dançava – eram animados por excelentes grupos musicais como os “Alqualenk” (Sacavém) ou “Old Machine” (Bucelas).
O nosso conterrâneo José Casimiro, acordeonista, acompanhado por Alfredo Lemos, na bateria, fez o acompanhamento de alguns dos artistas, graciosamente.
As receitas das Festas do Povo de 1976 destinavam-se a melhoramentos e obras de beneficência, tendo havido no dia 8, primeiro dia de festa, um peditório da colcha, acompanhado por Zés Pereiras, e uma tourada à vara larga.
O programa das festas incluiu uma gincana de perícia automóvel, no Rossio e um “renhido desafio de futebol entre as “velhas glórias” do Nisa e Benfica”, seguido da disputa da Taça Amizade, oferecida por José Casimiro, entre as “fortes equipas” do Sport Nisa e Benfica, recém promovido à 3ª Divisão Nacional e o Centro Popular de Trabalhadores de Porto do Tejo.
A festa tinha o patrocínio da “Marina” – A cerveja bem portuguesa – e os preços eram os seguintes:
Entrada no recinto ---- 25 escudos
Baile (Rapazes) ------- 20 escudos
Baile (raparigas) ----- 10 escudos
Mesas p/ 4 pessoas ---- 100 e 80 escudos
Cada cadeira a mais --- 20 escudos.
Eram dias de festa e animação intensas e de fraternal convívio. As receitas cobriam as despesas, não havia “mega espectáculos” e muito menos “mega estruturas” para pagar quando “calhasse”. Os compromissos honravam-se e o povo - o de todo o ano e o que nos visitava - ficava feliz.
Servirá este exemplo, nos dias que correm, para alguma coisa?
Mário Mendes